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As emoções

Foto do escritor: Iasmin PenidoIasmin Penido
Quem nunca sentiu o rosto quente de raiva, um aperto no peito de tristeza ou o coração disparado de alegria? Raiva, tristeza, alegria, nojo, medo e tantas outras são as emoções que experenciamos ao longo da vida. Muitas vezes nós não as entendemos e não sabemos como lidar com elas. Isso acontece porque não aprendemos a nos relacionar com as emoções da maneira adequada.
As emoções são alterações fisiológicas e comportamentais que se manifestam em um organismo, produzidas por eventos ambientais. Algumas são agradáveis de sentir, enquanto outras são desagradáveis. A raiva, por exemplo, traz tensão muscular, vasodilatação, taquicardia, além da tendência a atacar algo ou alguém. Podemos dizer que a raiva é desconfortável para grande parte das pessoas.
A forma como vivenciamos as emoções é particular para cada um. Possuímos sensibilidades diferentes aos estímulos do ambiente. Temos que levar em consideração a fase de desenvolvimento, uma criança tem reações diferentes de um adulto, por exemplo. A história de vida possui papel fundamental no que sentimos, as experiências vão ajudando a formular associações entre as sensações e os acontecimentos. Isso interfere na maneira como vamos nos comportar em situações semelhantes no futuro. Além disso, existe a influência de aspectos culturais: repare que um brasileiro demonstra amor de maneira diferente de uma pessoa estrangeira.
As emoções não surgem sem motivo. Elas são produzidas a partir das nossas interações com o ambiente que nos cerca ou conosco mesmo, como por um encadeamento de pensamentos. É frequente acreditar no inverso, que as emoções são as causas de como agimos. Segundo Hubner e Moreira (2012), isso ocorre porque as emoções se dão quase ao mesmo tempo que os comportamentos, existe dificuldade em identificar os antecedentes do que sentimos no ambiente e por questões culturais.
Mesmo que por vezes não nos atentemos a isso, as emoções têm a função de nos comunicar algo. Elas podem fornecer informações importantes para a nossa sobrevivência. Ao sentir medo, é comum tentar fugir ou lutar. Isso nos protege de situações perigosas, por exemplo ao estar diante de uma briga, sentir medo e correr.
Na nossa cultura é comum a tentativa de suprimir as emoções, principalmente as que são classificadas como negativas. Como descrito no livro “Sociedade do cansaço”, em uma sociedade que prima por desempenhar, não há espaço para sentir. É imposto que devemos ser felizes o tempo todo. Assim, quando alguma situação desperta algo desagradável como a tristeza, somos encorajados a evitar essa emoção. Algumas pessoas podem comer em excesso, fazer uso abusivo de álcool ou outras substâncias como estratégia de evitação. Isso, infelizmente, pode gerar culpa, raiva, autocrítica e potencializar a tristeza.


Na psicoterapia vamos aprender a entender o que a emoção está nos comunicando. Trabalharemos para desenvolver as habilidades de observação e descrição das sensações corporais, identificação do contexto ambiental que produz essas sensações e escolha da estratégia mais adaptativa para a situação. Treinaremos exercícios que ajudam a lidar com emoções intensas. Mas talvez o mais importante seja se dispor a compreender as emoções como algo natural da experiência humana.


HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. tradução de Enio Paulo Giachini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
HUBNER, Maria Marta Costa; MOREIRA, Márcio Borges. Temas clássicos da Psicologia sob a ótica da análise do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.


Indicações de filmes:

- "Divertidamente". Peter Docter. Walt Disney, 2015.
- "Red: crescer é uma fera". Domee Shi. Walt Disney, 2022.
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